Mergulho
- Victoria Ribeiro
- 6 de jul. de 2016
- 6 min de leitura
Hoje aqui no blog iremos falar sobre o mergulho que fizemos em Paraty. Por sermos do grupo verde, fizemos o mergulho no terceiro dia de viagem (dia 6 de Julho); acordamos bem cedinho, tomamos café, partimos em direção ao porto de Paraty e lá pegamos um barco e fomos até o local marcado para mergulharmos (localizado perto da zona costeira), local que tem muitas pedras e apresenta grandes quantidades de corais.

No mergulho foi possível encontrar poríferos, animais que não possuem tecidos bem definidos e não apresentam órgãos nem sistemas. Os poríferos são animais exclusivamente aquáticos, podendo ser encontrados tanto em água doce como em ambientes marinhos (predominância).

Esses animais vivem fixos a rochas ou estruturas submersas, onde podem formam colônias; se alimentam de restos orgânicos e microorganismos que capturam pela filtração da água que penetra em seu corpo e são alimento de ouriços-do-mar, estrelas-do-mar, moluscos, peixes e tartarugas.
O corpo dos poríferos é repleto de poros (daí este nome), poros esses que são responsáveis por ajudar o animal em sua alimentação, feita a partir da filtração da água que penetra em seu corpo, onde alimento e oxigênio são retirados, fazendo dos poríferos animais filtradores.
Encontramos no mergulho também animais do filo Cnidária, os cnidários, representados pelas hidras, águas-vivas, corais e anêmonas-do-mar; onde no mergulho, desses animais foi possível ver apenas ver os corais.

Os cnidários foram os primeiros animais a apresentar uma cavidade digestiva no corpo, estrutura de grande importância evolutiva, pois foi mantida nos outros animais. A presença de tal cavidade digestiva permitiu aos animais a ingestão de porções maiores de alimento, pois esta é responsável por digerir e reduzir o alimento a pedaços menores, antes de ser absorvido pelas células.
Seu fenótipo apresenta simetria radial e eles foram os primeiros animais na escala evolutiva a apresentar tecidos verdadeiros, apesar de não chegarem a formar órgãos e também, os primeiros animais a apresentar células nervosas. Os cnidários apresentam movimentos de contração e de extensão do corpo, além de poderem apresentar deslocamentos. São, portanto, os primeiros animais a realizarem essas funções.
O filo Cnidária é dividido morfologicamente em dois: medusas, seres capazes de nadar (natantes), e pólipos, seres que não podem se locomover (sésseis), que podem formar colônias (caso dos corais- muito vistos no mergulho). Esses seres apesar de morfologicamente diferentes, possuem características em comum; como a célula cnidócito, capaz de provocar queimaduras através de um filamento urticante; como a digestão desses animais, parte intracelular, parte extracelular.
O “Coral-Cérebro”, muito presente no mergulho, possui suas colônias (assim como outras espécies de corais) compostas por grandes estruturas chamadas “chapeirões”, e normalmente possuem o formato de grandes domos, o que lhes dá o apelido de coral-cérebro, podendo chegar a 10 metros de diâmetro. Esses animais possuem distintas colorações como cinzenta-azulada, verde e amarela. E constituem recifes naturais que provêm habitat para diversos peixes e invertebrados, sendo assim, de fundamental importância para os ecossistemas marinhos e para a biodiversidade de Paraty.
Outro coral muito presente em nosso mergulho, foi o “Coral Babão” ou “Baba-de-boi”, cnidário muito comum no Brasil, tendo colônias que podem medir de poucos centímetros a vários metros de comprimento. É um animal característico de águas rasas e ambientes com muita luz. Recebem esse nome pois produzem um muco que hidrata seu tecido e evita que ressequem durante a maré baixa. Este muco possui uma toxina que impede sua predação por peixes. Este organismo atua como uma estrutura de sustentação no recife, já que tem a capacidade de reter o sedimento em seu tecido durante seu crescimento. Como outros cnidários, o baba-de-boi associa-se as algas zooxantelas, podendo sofrer branqueamento, sendo assim mais um bioindicador da saúde dos recifes.
O branqueamento é um alerta para a saúde dos corais. É como se eles estivessem gravemente doentes devido ao calor, à radiação UV e também à poluição. Os corais têm uma relação mutuamente vantajosa com algas unicelulares. Enquanto o coral ganha energia produzida pela alga, esta, por sua vez, se beneficia da estrutura. Quando há um estresse climático, as microalgas são expulsas da colônia.
Em Paraty, nos momentos de praia, a diversão da galera era pegar conchinhas para levar para casa e guardar de lembrança da viagem, mas poucos associavam as conchinhas aos moluscos, que anteriormente viviam ali dentro. Os moluscos são o segundo maior grupo de animais em número de espécies (cerca de 100.000 espécies), sendo vencido apenas pelos artrópodes; são animas de composição frágil e corpo mole, mas a maioria deles possui uma concha que protege o corpo. Nesse grupo, encontramos o caracol, o marisco e a ostra. Há também os que apresentam a concha interna e reduzida, como a lula, e os que não têm concha, como o polvo e a lesma, entre outros exemplos.

A concha é importante para proteger esses animais e evitar a perda de água. Ela é produzida por glândulas localizadas sob a pele, uma região chamada de manto. Ela não é uma parte viva do corpo do molusco; conforme o animal aumenta de tamanho, novo material é acrescentado à concha, que pode variar de forma e tamanho e ser formada por uma ou mais peças.
Um molusco de características curiosas é o teredo, animal de corpo alongado que lembra um verme, que é capaz de perfurar madeira, e dela se alimentar. Considerado “o cupim dos mares” este molusco já foi causador do naufrágio de diversas embarcações. Os teredos, também conhecidos como "tufão silencioso", por afundar silenciosamente barcos e navios, são moluscos bivalves (com duas conchas) muito diferentes de outros exemplares do grupo. Começando sua vida no plâncton, eles logo se assentam sobre a madeira, sofrem metamorfose e iniciam a perfuração. O animal cresce construindo uma galeria tortuosa na madeira, onde passa o resto de sua vida. Sua concha é muito pequena, e cheia de dentículos com os quais raspa a madeira.
Os teredinídeos, como também são conhecidos, digerem madeira e filtram a água do mar pelas brânquias que selecionam o alimento. A água entra e sai do corpo pelos sifões, as únicas estruturas que aparecem fora da madeira. Quando percebem ameaças, os sifões são recolhidos e estruturas calcárias conhecidas como paletas, exclusivas da espécie, fecham a entrada. As brânquias desses animais têm uma curiosa exclusividade: nelas são encontradas bactérias que fixam nitrogênio e produzem celulase, para digerir a madeira. Essas duas funções não eram conhecidas em um mesmo organismo e esse é o primeiro e único caso de associação de um animal com bactérias fixadoras de nitrogênio.
Outro filo que se mostrou presente no mergulho foi o dos equinodermos, grupo de animais exclusivamente marinhos dotados de um endoesqueleto calcário muitas vezes provido de espinhos salientes. Embora não seja uma coluna vertebral, ele é importante na sustentação do corpo, pois é bem desenvolvido e resistente. Entre os equinodermos estão as estrelas-do-mar, os pepinos-do-mar, os lírios-do-mar e os ouriços-do-mar, entre outros.

Uma das características mais marcantes dos equinodermos é a presença de um complexo sistema de lâminas, canais e válvulas, denominado sistema aquífero ou ambulacrário. Este sistema relaciona-se com a locomoção, respiração, circulação, excreção e até mesmo com a percepção do animal. Os pés ambulacrais possuem paredes musculares e ampolas que acumulam líquido; as variações de pressão do líquido no sistema determinam a expansão ou retração dos pés, fato que culmina com o deslocamento do animal. Quando a pressão do líquido é maior nos pés, estes ficam mais rígidos, quando a pressão diminui, eles ficam moles - essa diferença permite o movimento. Alguns desses animais também possuem um fenômeno de regenerar partes do corpo, uma característica vantajosa em meio a cadeia alimentar.
Os equinodermos com toda certeza foram os animais mais vistos (em questão de variação) durante todo o mergulho, e tivemos a oportunidade de ver e até pegar estrelas-do-mar, ouriços-do-mar e pepinos-do-mar, uma experiência definitivamente inesquecível.
E por ultimo, mas não menos importante, vimos também em nosso mergulho os maravilhosos animais do filo dos cordados, que inclui os vertebrados, os anfioxos e os tunicados. Esses animais são caracterizados pela presença de uma simetria bilateral, notocorda, sistema digestório completo, um tubo nervoso dorsal, fendas branquiais e uma cauda pós-anal, em pelo menos uma fase de sua vida.

Como exemplos de cordados temos mamíferos, anfíbios, répteis, peixes, animais esses que se dividem em protocordados, os cordados mais primitivos, destituído de coluna vertebral e caixa craniana e os eucordados, mais evoluídos, pois, além de apresentarem coluna vertebral têm crânio com encéfalo.
No mergulho, tivemos a incrível experiência de nadar com os peixes e passar entre seus cardumes e esse foi o principal animal do filo doas cordados que encontramos em Paraty.
No final das contas, o dia do mergulho foi um dia sensacional e muito especial para nós (talvez o dia mais marcante da viagem), pois foi um dia cheio de novas experiências e conhecimentos, o que fez nós nos apaixonarmos mais ainda pelo mar e pela vida marinha.



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